terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Rock n' Roll


Teve uma época da minha vida que eu realmente achei que fosse viver de música, de acordo como as coisas estavam indo, o futuro prometia.

Toco contrabaixo desde os 16 anos e quando tinha uns 21 entrei em uma banda de reggae chamada Anti-Babylon, nesse periodo minha vida passava por grandes transformações, perdi meu pai, larguei a faculdade, tive algumas experiências com drogas, me apaixonei por uma garota enquanto a música transbordava de dentro de mim.... a música que alimenta.

Foram dois anos incríveis depois que entrei nessa banda....dois anos de viagens e shows por alguns lugares do Brasil, aquilo parecia mágica, já tinhamos algumas músicas tocando nas radios, era só jogar o nome da banda Anti Babylon no google que aparecia noticia até no Uzubequistão.

Eramos uma banda de Power-Reggae, um reggae mais acelerado ou vitaminado como gostavamos de dizer. Geralmente bandas de reggae são compostas por pessoas calmas, vegetarianas, rastafaris........a nossa parecia mais uma banda de Rock n' Roll.

Brigas constantes aconteciam durante as apresentações, um dia quase chegamos a ser presos em Peruibe, litoral de São Paulo, era Carnaval, tocávamos em um trio elétrico para um mar de gente, tudo estava sendo televisionado para o Litoral, tudo estava as mil maravilhas até o tecladista resolver tirar a roupa e tocar pelado. Preciso dizer que a festa acabou?

Outra confusão das boas aconteceu em uma exposição de Lofts, em São Paulo.
Lofts são aqueles apartamentos sem divisõens, sem paredes, modernos, chics e que custam os olhos da cara.
A exposição contava com réplicas identicas aos lofts do Ayrton Sena, Adriane Galisteu, David Bowie, Shakira, do Bono Voz do U2 entre outras celebridades do momento.

Deu pra sacar o tipo de público que visitou a expo!? Chic! High Society, babe!
O lance com a banda era o seguinte: fomos contratados para tocar enquanto as pessoas passeavam pelos lofts, escolhemos um deles, montamos toda parafernália e começamos a tocar. No começo foi engraçado, um sentado na privada tocando guitarra, outro na cama ao teclado, outro em pé na cozinha e as pessoas passando pra lá e pra cá.


Foi quando algo trágico e cômico aconteceu. No meio de uma das músicas errei uma nota, coisa boba, aos ouvidos das pessoas comuns passam despercebido, bola pra frente, continuei a tocar, mas Bing Dread o vocalista da banda, um negão rastafari de 2 metros de altura não engoliu e me virou um peteléco na cabeça, desses de fazer barulho.

Que vergonha! A banda estava se desentendendo enquanto todos assistiam, e eu tinha levado um sopápo de graça. Como não sou de levar desaforo para casa, tirei meu contrabaixo e parti pra briga. Resumindo, destruimos a exposição dos granfinos, não ganhamos o cache e passamos a noite na delegacia junto com o delegado rabugento de plantão Dr. Ciqueira.

Depois dessa confusão cada um tomou seu rumo. Bing Dread foi ser locutor de radio, Albert, o Peladão foi tentar a vida de músico-michê na Espanha, Pnis, o baterista, vendeu a bateria para pagar as despesas do casamento e Douglas Philips, o guitarrista, disse que música não enche barriga e foi trabalhar em um tele-marketing.

Eu? ainda toco meu contrabaixo mas ganho meu pão trabalhando como Designer e estou tentando publicar um livro intitulado: Rock n' Roll.


por Thiago Bianco


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